Ministro da Saúde/Marcelo Queiroga.
Queiroga não embarcou junto com a delegação que já
retornou ao Brasil nesta terça. Ele deveria acompanhar a comitiva presidencial,
mas ficou em Nova York, cumprindo isolamento.
Queiroga estava hospedado no mesmo hotel que
Bolsonaro. Ele esteve em vários eventos ao lado do presidente, como o jantar na
noite de segunda que terminou em princípio de confusão. Na ocasião, o ministro
mostrou o dedo do meio a ativistas que protestavam contra o governo.
Ele também foi ao memorial do World Trade Center,
na tarde desta terça. Ali houve aglomeração em torno do presidente, que foi
cercado por alguns turistas. O ministro das Relações Exteriores, Carlos França,
esteve ao lado de Queiroga em vários eventos e também na van que os trouxe de
volta do jantar de segunda (20). França se encontrou com o secretário de Estado
dos EUA nesta terça de tarde. Ele ficaria mais alguns dias nos EUA, para mais
reuniões bilaterais. A princípio, estas reuniões estão mantidas.
O aviso da contaminação foi enviado a diplomatas da
Missão do Brasil na ONU. Os funcionários que permaneceram em Nova York entrarão
em isolamento nos próximos dias e não acompanharão presencialmente os debates
do evento, que continuam nesta quarta (22).
Queiroga já recebeu a vacina contra o coronavírus e
inclusive aplicou doses em políticos como o senador Flávio Bolsonaro
(Patriota-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filhos do
presidente, e colegas como o ministro Marcos Pontes (CIência e Tecnologia) e
Tarcisio Freitas (Infraestrutura). Também cobrou Jair Bolsonaro, em uma live,
que se imunizasse.
No sábado (18), um primeiro caso na comitiva
brasileira foi confirmado. O funcionário, que trabalha no cerimonial da
Presidência, tinha saído do Brasil havia cerca de dez dias para ajudar a
planejar a logística da viagem. Ele se sentiu mal na última sexta-feira (17) e
teve o diagnóstico de Covid confirmado no dia seguinte, véspera da chegada do
presidente Bolsonaro aos EUA.
Não ficou claro em quantas reuniões o funcionário
infectado esteve nem se ele foi à sede da entidade nos dias anteriores. Pelo
status que tem no governo, tudo indica que ele estava hospedado no mesmo hotel
utilizado por Bolsonaro e sua comitiva.
Depois que a contaminação foi confirmada, a pessoa
foi isolada e ficará 14 dias em quarentena antes de voltar ao Brasil. Procurada
pela reportagem na manhã desta segunda-feira (20), a assessoria de imprensa da
Presidência disse desconhecer desse primeiro caso.
Bolsonaro discursou na Assembleia-Geral nesta
terça. Entre os temas abordados estava a pandemia de Covid-19, e o presidente
--que diz não ter se vacinado-- se posicionou contra a exigência de passe
sanitário. Durante sua estadia em Nova York, ele se esquivou de entrar em
restaurantes, já que a imunização é obrigatória para frequentar esses locais na
cidade americana. Para isso, comeu pizza na calçada, e uma churrascaria
brasileira fez um 'puxadinho' para recebê-lo.
A ONU chegou a distribuir uma carta com orientações
da cidade de Nova York sobre a necessidade de imunização para participar de
eventos em locais fechados, o que incluía a sede da Assembleia-Geral. No
entanto, após críticas da Rússia, a entidade mudou de posicionamento.
O secretário-geral do órgão, o português António
Guterres, disse que não teria como impedir líderes estrangeiros não imunizados
de irem ao encontro, e a decisão foi formalizada na quinta (16). Se tivesse
sido mantida, a regra poderia ter impossibilitado a entrada de Bolsonaro.
Ainda que não tenha vetado a presença de não
vacinados, a ONU estabeleceu uma série de protocolos para prevenir a
disseminação do vírus no evento, entre as quais distanciamento social e
restrição de público: podem comparecer apenas funcionários da entidade e
jornalistas que já trabalham no quartel-general da entidade e possuem um
escritório ali. Não há plateia, e cada líder estrangeiro pôde levar uma
delegação de seis pessoas às dependências, quatro das quais ao salão da
assembleia.
O uso de máscara é exigido o tempo todo, exceto
enquanto a pessoa estiver falando em reuniões. A higienização do púlpito onde
se pronunciam os líderes também é vista com frequência.
Ao chegar ao evento, os participantes precisam
atestar que não tiveram sintomas ou diagnóstico de Covid nos últimos 14 dias
nem contato com pessoas que tiveram a doença. E, caso apresentem algum sintoma
durante o evento, a orientação é que deixem de comparecer presencialmente.
Os protocolos adotados pela ONU são mais brandos do
que os das Olimpíadas de Tóquio, que mantiveram os atletas em uma espécie de
bolha e exigiram que tanto eles quanto os jornalistas cumprissem um período de
isolamento anterior ao evento.